Nação rubro-negra também grita hexa em russo e ucraniano


Conheça Pavel Sentiakov e Dimitri Titor, que aprenderam a amar o Flamengo e criaram um site para difundir a paixão na EuropaSe dentro de um país existem vários sotaques, dentro da nação rubro-negra existem várias línguas. No rol de idiomas da 'Nação', também há espaço para o russo e o ucraniano. Pavel Sentiakov, um especialista em segurança de 43 anos que mora em Kamensk, no interior da Rússia; e Dimitri Titor, de 30, procurador-geral em Kiev, capital da Ucrânia, provam que a distância não é nada para uma paixão. Mostram, com orgulho, seu amor para o Flamengo ao mundo todo. Juntos, eles criaram o site 'Flamengo-rus' (http://www.flamengo-rus.ru/) e não deixam nenhum geraldino para trás no que diz respeito ao carinho pelo seu time. "Torço para um dos maiores times do mundo", diz Titor, enquanto Sentiakov vai mais além: "Quero o Carioca, o Brasileirão e a Libertadores".
E se você acha que ambos começaram a torcer pelo mais querido do Brasil por conta do hexacampeonato, está enganado. A história do ucraniano Titor começa lá no início dos anos 90, quando assistiu a um especial sobre Zico, que contava desde suas glórias no clube carioca até sua contribuição para o desenvolvimento do futebol no Japão. Mas, com toda a dificuldade de obter informações naquela época, só com a popularização das TVs por cabo e satélite, no final dos anos 90, que Titor começou mesmo a acompanhar os jogos de seu time.
- Desde 1993 eu sou Flamengo. E depois, quando pude começar a assistir aos jogos, a ver a torcida lotando o Maracanã, eu realmente percebi que não poderia torcer para nenhum outro clube. Desde então meu coração é rubro-negro Por sua vez, Sentiakov era, como muitos outros pelo mundo, um fã do Santos de Pelé. Sua paixão começou ainda na escola, quando leu seu primeiro livro sobre futebol brasileiro: "Pelé, Garrincha, Futebol...". Mas toda essa fascinação pelo clube paulista acabou caindo por terra. O russo fora arrebatado pelo mesmo Flamengo de Zico, ainda na mesma época de Titor.
- Eu sempre tive uma queda pelo Flamengo. Nele jogaram lendários como Zico, Leonardo, Júnior. Não teve jeito: acabei me tornando um autêntico carioca flamenguista - , derrete-se o russo.
Embora compartilhando da mesma paixão, ambos só foram se conhecer pela internet, em 2005, quando Pavel Sentiakov colocou no ar o site Torcida.com.ru (http://www.torcida.com.ru/), que fala somente sobre futebol brasileiro. Tudo em russo, lógico. Com o nick "Carioca", Dimitri Titor se tornou um dos frequentadores mais assíduos da página e surpreendeu Sentiakov com seu conhecimento sobre nossos campeonatos e jogadores. Em 2009, enfim, entra no ar o Flamengo-rus - com todas as notícias, história, elenco, fotos e tudo que você pode imaginar sobre o Fla.
- Imagina só: no ano que colocamos o site no ar, o nosso time se torna campeão brasileiro, após 17 anos... Isso é fantástico!" - orgulha-se Sentiakov, que acredita ter dado uma mãozinha de sorte para o título rubro-negro.
Mas aí você pensa logo que os dois não são torcedores mesmo, daqueles que sofrem com o time. E se engana feio. Ambos fazem questão de mostrar ao mundo inteiro a alegria de ser rubro-negro: assistem a todos os jogos do Flamengo - seja pela TV ou pela internet - usando o manto sagrado, torcendo, gritando e sofrendo com o time. E, eventualmente, dando aquela xingadinha também. Depois da partida, todo mundo para a internet, saber das notícias, ver os detalhes - tudo com ajuda de programas tradutores - para depois escrever em seus sites.
- Graças ao torcida.com.ru e ao flamengo-rus.ru, os russos e ucranianos vão sabendo cada dia mais sobre o futebol do Brasil. Nós somos o primeiro site em russo sobre os campeonatos estaduais e nacionais do Brasil. E, depois que as TVs começaram a passar os jogos daí, o interessse cresce cada dia mais - explica o rubro-negro Titor.

Dimitri e Pavel, no entanto, não são dois solitários: em seus sites, centenas de 'bolel'shiki' - torcedores, em russo - aparecem para comentar e, lógico, torcer. Tudo no mais claro russo. Ainda são poucos, se comparado com a atração que o bilionário futebol do Velho Continente exerce sobre o Leste Europeu, mas já é um número significante. Sentiakov - que torce abertamente pela seleção brasileira e é acusado pelos amigos de não ser patriota - nem assiste ao futebol de seu país:
- É, não acompanho mesmo. Gosto de ver futebol, torço pelo futebol bonito. Por isso acompanho o futebol brasileiro.
Nomes como Sócrates, Zico, Júnior, Andrade, Renato Augusto, Ibson, Romário e tantos outros são frequentes nas histórias que Dimitri e Pavel contam em seus países.
- Não faz muito tempo, fiquei muito feliz quando uma lenda do jornalismo esportivo soviético, autor de alguns livros sobre o futebol brasileiro, Igor Fesunenko, me escreveu. Ele viveu muitos anos na América do Sul e conheceu Pelé, João Saldanha e tantos outros. E agora é meu amigo e colaborador do site torcida.com.ru. Trocamos muitas histórias interessantes. Aprendemos a conhecer e amar o futebol brasileiro. Nós somos os melhores do mundo - brinca Pavel, sendo que o "nós" aí quer dizer futebol brasileiro, onde ele, naturalmente, se inclui.
- Certa vez, os colegas de trabalho me convidaram para jogar futebol com eles. Então, botei a camisa do Flamengo e, ao entrar em campo, todos me perguntaram "que time é esse?". Aí eu expliquei "É o Flamengo, onde jogaram ídolos como Romário e Bebeto. E essa é a 10 com a qual jogou Zico, que era como um Pelé branco". Aí então os colegas brincaram comigo: "Então, Zico, mostra aí do que você é capaz". Eu fiz um golaço e dei o passe para outro. Depois do jogo, um senhor veio e disse: "Parabéns, Zico. Golaço". Essa camisa joga sozinha!
Ah, e eles não podiam deixar de comemorar o hexa rubro-negro. E mandar seus recados para seus compatriotas, que, segundo os próprios, deveriam abandonar seus passaportes e trocar por um "rubro-negro".
- Gostaria de parabenizar toda a nação rubro-negra pela vitória, pelo hexacampeonato. E não devemos parar por aí. Vamos continuar nossa sequência de vitórias na Taça Libertadores. Espero, num futuro próximo, visitar o Rio, meu amado Flamengo, e torcer junto com vocês no Maracanã - diz o animado Titor, que não deixa fora de seu vocabulário palavras como "rubro-negro", "Mengo" e "Nação", escritas assim mesmo, em português.
E seu parceiro de ataque, Sentiakov, chama para si a responsabilidade de fechar com chave de ouro:
- Falo em nome de todos os torcedores russos: parabenizo os treinadores, jogadores e diretoria do nosso Flamengo, pela conquista desses tão esperado título. Que ninguém se machuque e, desta forma, consiga trazer novas vitórias a essa torcida maravilhosa. Mesmo a milhares de quilômetros, vou torcer cada dia mais pelo Flamengo. E que cada jogador saiba: ele tem torcedores até na Rússia - brinca.

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