Renato nega rebeldia, diz não saber a razão da rescisão e chora em coletiva
Renato Abreu disputou 271 partidas, marcou 73 gols e conquistou três títulos com a camisa do Flamengo. Agora, é adversário do clube na Justiça. Na última sexta-feira, ele e seu advogado, Paulo Reis, entraram com uma ação contra o Rubro-Negro em razão de sua demissão. Além de R$ 1,5 milhão referente aos seis últimos meses do seu vínculo, que era válido até dezembro de 2013, o jogador pede uma indenização por danos morais. O representante do ex-camisa 11 calcula que ele conseguirá receber pelo menos R$ 3 milhões do Flamengo.
Na tarde desta segunda-feira, Renato concedeu entrevista coletiva para falar sobre o assunto. O jogador recebeu os jornalistas no escritório do empresário dele, Cláudio Guadagno, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Falou por uma hora e meia, emocionou-se várias vezes, principalmente ao falar das filhas, da mãe e da torcida rubro-negra. Ao entrar na sala, pediu a palavra e só depois de um longo pronunciamento começou a responder perguntas. O jogador negou qualquer tipo de problema de relacionamento com companheiros, dirigentes ou o técnico Jorginho, comandante na época de sua saída. Afirmou que por muitas vezes desde o desligamento chorou escondido da esposa (Karina) e das filhas (Karen, Rebeka e Renata) e repetiu o que seu advogado dissera há duas semanas: sente-se humilhado pelo Flamengo.
Fui muito humilhado, exposto. Fiquei muito triste, jamais pensei que aconteceria comigo. São 15 anos como profissional, mas dez anos de futebol em times amadores, brigando pelo pão de cada dia. É a primeira vez que isso acontece comigo. Realmente fiquei muito chateado, chorei muito em casa, com minha família. Pelo carinho que tenho pelo Flamengo desde 2005, o respeito e gratidão pelo Flamengo são eternos. Isso jamais sairá da minha cabeça e do meu coração. A todo momento dei respeito e fui respeitado. Só nesse momento que aconteceu uma coisa dessa, uma forma desrespeitosa, poderia ser diferente. Até porque cheguei no Flamengo em 2005 e em nenhum momento deixei de me esforçar, fazer tudo que estava determinado pelo meu contrato. Ou até mais. Muitas vezes acabei abrindo mão de muita coisa para poder ajudar de alguma forma. Mas são coisas que fazem parte da vida, que aconteceram. Você ser mandado embora de um clube, de um trabalho, é normal. Mas até agora vocês não sabem e nem eu sei o que aconteceu.
Aos 35 anos, o jogador até falou em encerrar a carreira, mas logo depois afirmou que ainda tem condições de jogar em alto nível. A saída conturbada o pegou de surpresa, mas Renato pretende voltar ao Flamengo.
- Um dia, se tiver que voltar, espero que não demore muito, que eu volte ao clube. Um dia eu volto. Pode ser daqui a cinco anos, dez anos, com cabeça branca. Quero encerrar meu ciclo no Flamengo de alguma forma.
Renato foi demitido via site oficial do Rubro-Negro no dia 17 de junho. No início de julho, o departamento de futebol ordenou que o jogador voltasse a treinar separamente, mas ele se negou. Na primeira rodada de negociação entre as partes, logo que o clube anunciou a decisão, o Flamengo propôs um acordo: pagar R$ 500 mil a Renato, um terço do que ele tem direito a receber pelo restante do contrato. A oferta foi prontamente descartada pelo atleta. A partir dali, decidiu ir à Justiça.
Desde o início do Brasileirão, Renato se envolveu em algumas situações polêmicas. Vaiado contra a Ponte Preta, após perder um pênalti, não reagiu bem e questionou a posição da torcida. Na partida seguinte, diante do Atlético-PR, marcou o gol do empate por 2 a 2 e tirou a camisa durante a comemoração. A atitude gerou um puxão de orelhas por parte da diretoria por conta da obrigação da exposição dos patrocinadores. Por fim, na derrota para o Náutico, em Florianópolis, foi expulso após tentar concluir uma cobrança de escanteio com a mão.
Internamente, a diretoria acredita que Renato Abreu boicotou o trabalho do ex-treinador Jorginho e o somatório de suas atitudes resultou na demissão. Ele nega.
- É só olhar para minha carreira aqui no Rio e ver se alguma vez eu fiz alguma coisa assim. Estão dizendo que briguei com o Jorginho quando fui substituído contra a Ponte Preta. Não é verdade. É normal o jogador não querer sair do jogo. Depois do ocorrido, pedi desculpas ao Jorginho e ao grupo. Isso vocês podem falar com ele. O que aconteceu ficou para trás. Não tive desgaste com ele. Ele jogou futebol e entende a cabeça do jogador. Aquilo aconteceu e acabou. Estão especulando. Podem perguntar se em algum clube tive problema com treinador.
Comentários
Postar um comentário
http://clafute.blogspot.com/